terça-feira, 14 de outubro de 2008

Fra

voce pode fazer poesia dos meus sonhos
mas sou eu que trago as imagens que nao me abandonam
sinto ainda teu cheiro
e carrego nos braços o peso do teu corpo
sem vida, exangue, todo azul
ainda quente pesando no meu corpo
tua presença ja distante e ainda tao envolvente

voce pode fazer musica dos meus sonhos
mas sou eu que canto sozinha
durmo sozinha e caminho ainda sozinha
desde que naquele dia eu apoiei meu corpo no teu
e até te beijei mas voce nao sentiu
porque nao havia sangue, nao havia nem luz
e ja nao havia vida
e nem poesia e nenhuma cançao

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Se é verdade...

Se é verdade que minha mente tem um poder assim tao grande sobre meu corpo entao estou fadada a ser presa de mim... estou cansada de vagar pela vida sem equilibrio. Os ruidos de minha mente sao altos demais. Can someone please turn the music down? It's not fun anymore.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A cerejeira



A cerejeira deu tanta fruta que deu pra fazer até geléia.
Os passaros vinham brincar e bicar e disputavam as cerejas ainda amargas.
Os meus pensamentos sao assim tao altos e fartos e dinamicos que ressoam, reverberam, se multiplicam e è quase musica que me faz perder o equilibrio.
As pessoas sao complicadas e insipidas e quase transparentes e posso entao quase ver seus ossos, suas entranhas, seus medos e mesquinharias, mas nao vejo outras dimensoes, outras luzes, outras cores, outras boas estrelas e terras ferteis.
A cerejeira deu tanta fruta boa mesmo ainda amarga que nao foi suficiente pra todos os passaros.
Nao foi suficiente pra toda a gente.
A cerejeira è tao simples e tao boa. Colorido tranquilo e impassivel.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Fugindo de mim...


Sou um evadido.

Logo que nasci

Fecharam-me em mim,

Ah, mas eu fugi.

Se a gente se cansa

Do mesmo lugar,

Do mesmo ser

Por que não se cansar?

Minha alma procura-me

Mas eu ando a monte,

Oxalá que ela

Nunca me encontre.

Ser um é cadeia,

Ser eu é não ser.

Viverei fugindo

Mas vivo a valer.


Fernando Pessoa